domingo, 28 de dezembro de 2008

kronos ou ao passo que passa



o tempo nos devora
e o passo que passa
não volta atrás.
não porque não quer,
mas porque não pode.
o passo que passa de passada,
no passado já ficou.
não por que quer,
mas porque não pode não passar.
e se passa nos devora,
nos deflora, nos deflagra
com um rastejar quase
indecente, incandecente
e com um incessante avançar.
e o tempo que não para,
não pode deixar de passar.


temístocles bueno

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

madrugada



ontem ouvi o barulho do universo
em movimento, se transformando;
esse barulho é aquele som ensurdecedor
do silêncio absoluto.


temístocles bueno

caminhada - poema pílula


papel pregado no poste
rasgado bem mais da metade

temístocles bueno

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

olhos fechados


agora estava
ele parado
ali olhando
tudo aquilo
que se passava
na sua frente
na sua cara
e os seus olhos
não viam nada.

continuava
ali parado
e se absmava
com o que olhava
aquelas cenas
aqueles fatos
aquelas fotos
aqueles mortos
na sua frente
na sua cara
e os seus olhos
não viam nada.


temístocles bueno

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O que sabe o poeta?



céu escuro em pleno meio dia,
o vento nos anuncia a chuva
e galhos acenam bruscamente para as folhas
que deles se despreendem.
seria isso poesia? se pergunta o poeta.
poesia natural, traduzida no dia-a-dia,
na vida, na morte, na alegria,
escondida no passar das horas que
deixam pra trás o que não foi vivido,
todos os sonhos não sonhados,
toda a morte esquecida.
seria isso poesia?
não sabe o poeta.
se dar nomes lhe fosse permitido, poesia seria céu,
seria inferno, seria o feio. seria o belo?
o saber e a ignorancia,
irmãos que caminham saltando e de mãos dadas
ao entorno do poeta; e este sem perceber é conduzido
pelos dois a um caminho sem volta e de dúvidas eternas.
no entanto, tudo sente o poeta.


temístocles bueno